Friday, March 2, 2007

Era de noite
Se fosse dia
Tanto fazia

A rua era aquela
Luar sem janela
Monotonia

A fome era dela
Dor na lapela
Vazio que sentia

Olhar anteontem
Mãos que não mentem
E o frio que havia

Paredes de vento
Casa tormento
A chuva caía

Já teve riso
Já teve siso
Mulher Maria

Amou e tanto
Chorou seu pranto
Soltou alegria

Pariu e deu leite
Viveu sem enfeite
Cheirou maresia

Mulher coração
Boca sem não
A quem lhe pedia

A vida correu
O amor morreu
Envelhecia

Mudou a sorte
Perdeu o Norte
E a companhia

E sem sustento
Viver tormento
Sofreu sangria

Viveu na rua
De alma nua
Ninguém a via

Tempo inimigo
Viver castigo
Desarmonia

E agora sim
Chegou o fim
Pois já morria

Ninguém chorava
Ninguém olhava
Acontecia

Porque é que a vida
Curta ou comprida
È lotaria?

Todos nascemos
Todos morremos
Temos mesma via

Mas uns morrem mais
E sem funerais
Como a Mulher Maria.

1 comment:

M de Carvalho said...

e o Mundo tem tantas Marias...

é triste...
mas eu gostei!

Beijinho:)
Mónica