Wednesday, August 22, 2007

Do tempo que passo contigo
Passa-se o tempo e não há momento
De tempo cheio que entre em demasia
Neste momento de te ter um tempo
O mesmo digo a cada pensamento
De pensar breve ou pensar pousado
De estar lembrado de cada pensamento
Que pensei em ti só por ter pensado
E por ter sono, e por ser cansaço
E estar mais lentamente a querer pensar
Vejo o tempo passar e sem querer que passe
Fico ponteiro palavra adiar.

(Poema de Ana Sofia Passos, que é melhor poetisa do que eu poeta, mesmo que diga que não, quando eu digo que sim)

Monday, August 20, 2007

Rio de vento
Verde real
Silêncio que se ouve
Nos sons sem homem
Os passos esperam
Pela minha vontade
E eu tento-me ser
Árvore
Raiz
Chão
Mas o meu fruto
Não pega
Nega
E eu sou
Continuo
Homem vento
Força invisível
Abraço sem corpo
Nave sem porto
E poiso
Nos ramos
De quem me ama
Chama
Me dá corpo
Na sua rama
E beijo
Desejo
Estas vidas árvores
Que faço dançar
Resfolhar
Com meu soprar
E já sou tronco
Raíz
Chão
Pela tua mão.

Thursday, August 2, 2007

A alegria sombria
De andar contra o vento
Conversa vazia
Com quem come o tempo
Nos sonhos de amigos
Em tela esmeralda
Abraços rompidos
E gestos à balda
Fugas dormentes
Fumadas depressa
Ranger de dentes
Perder de cabeça
Que não encontrada
Anda sozinha
Na noite que é estrada
Iras da vinha
A vida é meia
Soluça a pobreza
Parece cheia
Mas bebe magreza
A lua que o tem
Maior que o olhar
Rainha mãe
De tudo largar
E esta cantiga
Que fala do fundo
Banal e antiga
E há tantas no mundo.