Friday, August 11, 2017

No espaço
Que vai de mim
A ti
O que vai de mim...
No espaço
A ti


É o que de ti
Em mim
Se tornou espaço

Que de mim seja
No teu abraço
Já não é espaço
Ir de mim que já não vai
E a ti já não te chega

Porque no espaço
Que me abre
O teu abraço
Eu sou tu e chego a mim
Sem de mim chegar a ir

E de espaço já não há espaço
Nem que seja ir ou chegar
Porque no espaço do teu abraço
É onde me acordo a amar

E amar-te anula o espaço
O chegar e o partir
Chego a mim sem de mim sair
E já sou Eu no teu abraço.

Quando danças
A Terra gira mais depressa
Porque no seu peso de esfera gigante...
É a única forma de poder dançar contigo


Quando danças
O Sol veste o fato de banho e as barbatanas
Porque na sua imensidão soberana e irradiante
Quer mergulhar na beleza oceânica do teu movimento

Quando danças
As montanhas abrem desfiladeiros e novos vales
Porque nas suas perenes e imóveis massas de rocha
Conseguem assim sorrir pelo encanto que lanças

Quando danças
Os átomos beijam-se e fazem amor entre eles
Porque na sua infima pequenez atómica
Querem criar novas moléculas para celebrar a graça de quem és

Quando danças
A própria Vida acorda num amanhecer de mundo novo
E chora por sentir-se tão bela ao ver-se a dançar em Ti

Em mim, quando danças
Criam-se novas Terras, novos Sóis, montanhas e moléculas
Nascem novas formas de ser e novos povos que riem
E um coração trovador galopa numa pradaria de flores

Quando danças, sou criado de novo e para sempre
Num Big-bang que me explode no peito e no sorriso
E me torna Universo do teu Amor.

When you dance
Earth spins faster
Because of it´s giant ball weight
It's the only way It can dance with you

When you dance
The sun wears the bathing suit and the fins
Because in its sovereign and radiant immensity
Want´s to dive into the oceanic beauty of your movement

When you dance
Mountains open canyons and new valleys
So, in their perennial and immovable rock masses
They can smile because of the charm you throw

When you dance
Atoms kiss and make love to each other
In their atomic smallness
They want to create new molecules to celebrate the grace of who you are

When you dance
Life itself wakes up in a new world dawn
And it cries for feeling so beautiful to see itself dancing in You

In me, when you dance
New Earths, new Suns, mountains and molecules are created
New forms of being are born and also new laughing tribes
And a troubadour heart gallops on a flowered prairie

When you dance, I am created again and forever
In a Big Bang that explodes in my chest and my smile
And makes me the Universe of your Love.

Thursday, March 23, 2017


Avisa, se me distraír de mim
Toca-me se desacordar de ser
Porque nas vésperas do fim
Quero-me cumprido viver 

Deixa-me que me seja em ti
Floresce-me no jardim da pele
Olha-me onde nunca me vi
Embriaga-me de pimenta e mel 

Chama se não lembrar meu nome
Dança se me congelar no ferro
Dá-me rasgo e traz-me a fome
Pinta-me de sangue e dá um berro 

Mais que viva e mais que seja
Se adormeço num canto normal
Não há impossível que me proteja
De estar morto, antes de tal 

A anestesia antiga da normalidade
É uma puta velha, mas envolvente
Por isso acende-me o rugir da vontade
E o viver certeiro de quem não mente 

Quero ter-me ao ter-te em mim
No desejo que se torna flor
Porque a vida se vive assim
Na loucura de ser Amor.

Wednesday, February 1, 2017


Não te dou nome, pois dar-te nome seria desonrar-te no teu mistério
Não te sei , mas conheço-te como nunca conheci algo ou alguém
Conheço-te por baixo e por cima da pele
Conheço-te como se tu fosses o eu que te conhece
A sombra que só é sombra porque amanhece
Memória esquecida que não se esquece 

Não te dou nome, mas sinto a tua teimosia em Ser
O teu oceano de força que me move
Que não me deixa não ser e me comove
Não queira eu, ou não aprove
A vida que me vive e faz viver 

És algo em mim que és mais que eu
Chama , fonte e chão de céu
Vaga , sussuro, fremir de sismo
És a mão que me segura no vão de abismo 

És a fome que se alimenta que querer ter fome
A espada , o beijo , a flor sem nome
O olhar que me rega e também me come 

De todos os escombros que me levantei
De todas as trincheiras em que lutei
Em todos os fogos que me queimei
Foi sempre a tua boca, que eu beijei 

Lá estarás tu, porque cairei
E quando cair, porque já não sei
Dir-me-ás sempre que eu te amei.