Thursday, August 9, 2012


As palavras são sempre sombras
De fantasmas que não existem
Vazios com peso de pedras
Que delimitam feridas por abrir
Vislumbre de não sentir
São a ínfima penumbra
Entre o sonho e o partir
Corações de mármore branco
Suspensos do esquecimento
Na tangente do infinito
E do medo que está para vir
As palavras são punhais de nada
Que esfaqueiam o nevoeiro
Um zero cortado ao meio
Ausência recortada
Numa vida sem surgir
São a véspera do segredo
Muro na ilha do degredo
Estátua partida no chão da fome
Presença inerte que não tem nome
Rumo ao cego que não quer ouvir
As palavras não têm porta
E isso que importa
Não há nesse umbral que valha a pena
E a descrença não é pequena
E o poeta não quer sair.