Friday, March 30, 2007

Tu és só tu sem mais que tu
Que seres só tu é mais que tanto
E brilhas no olhar do meu espanto.

Wednesday, March 14, 2007

Sim, são estes os olhos
É este o rosto
É neste Oceano que me perco
É nesta vida que me deixo
E de estar perdido não me queixo.

Monday, March 12, 2007

Cabelo moldura
Do sorriso de criança feliz
Assomo de luz em gargalhada
E sonhos coloridos em frente ao olhar
Beleza que se sente
Que se toca cá dentro
Por nos tomar de surpresa
E nos suspende
Por um instante
Em que nos pomos em bicos de pés
Para chegar ao alto deste sorriso
Queremos ser maiores
Melhores
Mais qualquer coisa
Para estar à altura deste sorriso
Para sermos dignos de o beber em nós
Naquilo que cá sentimos dentro
Naquilo que queremos continuar a sentir
Por a ver sorrir
E somos sorriso também
Também somos luz
E somos sonho
Por nos tocar este sorriso
Que é preciso
Que é palco
Onde se vive a beleza
A certeza
A vitória de ser belo
A glória de ser simples
E simplesmente ser vida
Que convida
Que acolhe
Que desassossega
Nos dá refrega
De querermos mais
De querermos ainda
O que nos lembra que podemos ser mais
Que somos mais
Que nunca deixámos de ser
E nos lembramos de quem somos
E sempre fomos
Ao tocar-nos este sorriso
Este olhar
Este quadro vivo que me pinta
Nas cores que me animam
De poder ser feliz.

Friday, March 9, 2007

Abres o que é mais teu no corpo
Enquanto abres a alma por te dares
De arfares por me sentires dentro de ti
Por sentires que é aí que eu quero estar
Aberto porque te abro
Inteiro
Duro e suave
Forte e vulnerável
Bem dentro de ti
Enquanto nos confundimos
Em carne
Em suor
Em gozo
Em tesão
Em dor
Em lágrima
Em perdão
Em frescura de ser novo
Em morte que é vida
Porque é entrega
Porque é lonjura
Loucura
Juízo
De estar certo
O que estamos perto
E o que nos tocamos
Na carne
Na alma
No fruto que partilhamos
No amor a que nos deixamos
E na vida que já sentimos
Por nos deitarmos para dentro um do outro
Em sons de fome e de fartura
Em rosários de ternura
E sonhos de outra altura
Em que fomos mais
Em que fomos sempre
E somos agora
Estamos dentro e estamos fora
Neste aperto de aurora
Neste templo de quem se ama
Altar da nossa cama.

Friday, March 2, 2007

Era de noite
Se fosse dia
Tanto fazia

A rua era aquela
Luar sem janela
Monotonia

A fome era dela
Dor na lapela
Vazio que sentia

Olhar anteontem
Mãos que não mentem
E o frio que havia

Paredes de vento
Casa tormento
A chuva caía

Já teve riso
Já teve siso
Mulher Maria

Amou e tanto
Chorou seu pranto
Soltou alegria

Pariu e deu leite
Viveu sem enfeite
Cheirou maresia

Mulher coração
Boca sem não
A quem lhe pedia

A vida correu
O amor morreu
Envelhecia

Mudou a sorte
Perdeu o Norte
E a companhia

E sem sustento
Viver tormento
Sofreu sangria

Viveu na rua
De alma nua
Ninguém a via

Tempo inimigo
Viver castigo
Desarmonia

E agora sim
Chegou o fim
Pois já morria

Ninguém chorava
Ninguém olhava
Acontecia

Porque é que a vida
Curta ou comprida
È lotaria?

Todos nascemos
Todos morremos
Temos mesma via

Mas uns morrem mais
E sem funerais
Como a Mulher Maria.