Wednesday, February 1, 2017


Não te dou nome, pois dar-te nome seria desonrar-te no teu mistério
Não te sei , mas conheço-te como nunca conheci algo ou alguém
Conheço-te por baixo e por cima da pele
Conheço-te como se tu fosses o eu que te conhece
A sombra que só é sombra porque amanhece
Memória esquecida que não se esquece 

Não te dou nome, mas sinto a tua teimosia em Ser
O teu oceano de força que me move
Que não me deixa não ser e me comove
Não queira eu, ou não aprove
A vida que me vive e faz viver 

És algo em mim que és mais que eu
Chama , fonte e chão de céu
Vaga , sussuro, fremir de sismo
És a mão que me segura no vão de abismo 

És a fome que se alimenta que querer ter fome
A espada , o beijo , a flor sem nome
O olhar que me rega e também me come 

De todos os escombros que me levantei
De todas as trincheiras em que lutei
Em todos os fogos que me queimei
Foi sempre a tua boca, que eu beijei 

Lá estarás tu, porque cairei
E quando cair, porque já não sei
Dir-me-ás sempre que eu te amei.

1 comment:

Anonymous said...

Está dentro da minha cama a poesia que te escrevo

Esta loucura sagrada
é a lua pôr-me nua
é o Sol a arder-me o peito
é a chuva na terra andante

É a dança do dragão vermelho

És tu a mudar as marés

É o orvalho e crepúsculo
a celebrar te
é a música a cantar-se
são as ninfas a passarem

alegria manifesto
de saber que quem quer que seja
te trás vida transbordante

nascente
límpidas águas regam o dia
são as comportas da alma
liberta

É o horizonte a mirar-te
O dia a festejar-se
A noite a entregar-se
são os raios estelares
de quantos És

É o amor que nasce
e
teima em consomar-se e doar-se
a quem teu olhar faça brotar

Está espalhado pelo mundo o amor que te anseia