Não te dou nome, pois dar-te nome seria desonrar-te no teu
mistério
Não te sei , mas conheço-te como nunca conheci algo ou
alguém
Conheço-te por baixo e por cima da pele
Conheço-te como se tu fosses o eu que te conhece
A sombra que só é sombra porque amanhece
Memória esquecida que não se esquece
Não te dou nome, mas sinto a tua teimosia em Ser
O teu oceano de força que me move
Que não me deixa não ser e me comove
Não queira eu, ou não aprove
A vida que me vive e faz viver
És algo em mim que és mais que eu
Chama , fonte e chão de céu
Vaga , sussuro, fremir de sismo
És a mão que me segura no vão de abismo
És a fome que se alimenta que querer ter fome
A espada , o beijo , a flor sem nome
O olhar que me rega e também me come
De todos os escombros que me levantei
De todas as trincheiras em que lutei
Em todos os fogos que me queimei
Foi sempre a tua boca, que eu beijei
Lá estarás tu, porque cairei
E quando cair, porque já não sei
Dir-me-ás sempre que eu te amei.
1 comment:
Está dentro da minha cama a poesia que te escrevo
Esta loucura sagrada
é a lua pôr-me nua
é o Sol a arder-me o peito
é a chuva na terra andante
É a dança do dragão vermelho
És tu a mudar as marés
É o orvalho e crepúsculo
a celebrar te
é a música a cantar-se
são as ninfas a passarem
alegria manifesto
de saber que quem quer que seja
te trás vida transbordante
nascente
límpidas águas regam o dia
são as comportas da alma
liberta
É o horizonte a mirar-te
O dia a festejar-se
A noite a entregar-se
são os raios estelares
de quantos És
É o amor que nasce
e
teima em consomar-se e doar-se
a quem teu olhar faça brotar
Está espalhado pelo mundo o amor que te anseia
Post a Comment