Monday, November 19, 2007

Nunca saí daqui
E nunca cá estou

Vou começar a viagem até aqui
Deixar que o tempo passe até agora
Onde tudo acontece
Permanece
Descansa
Na mudança

Aqui
Agora
Vou até cá
Neste momento
Que passou
Voltou
E nunca me deixou

Preciso de caminhar
Continuamente
Até onde já estou
E sou
E sou
E volto a caminhar
E vou para aqui
Nunca saí
Daqui
E nunca cá estou
E ando para não sair
Daqui
Agora
Neste tempo sem tempo
Onde tudo é Tudo
E tudo é o mesmo que Nada.

Tuesday, November 6, 2007

Atiro-me contra as esquinas da vida
Para me sentir
Para saber que cá estou
Porque se me deixo adormecer
Nos sofás limpinhos da escravidão
Fico sem a voz que é minha
Leio os guiões que me destinaram
E me tornam legenda de um filme que não é meu

Tenho a pele e o sentir marcados pelos embates
A alma que me vive tem mais anos que os meus
E a paz muitas vezes não se deita comigo
Às vezes sangro quando rio
E dói-me quando amo

Canto alto para não ouvir-me a gemer
Mas lanço longe a minha voz
Em tons de fogo e de mar
Abraços universos de quem eu sou

Da luz vibrante que verte a minha sombra
Morro-me todos os dias para me viver
Brincando para me levar a sério
E amando para ser tudo o que quero ser

As guerras já lá vão
Deixei-as do outro lado de mim
De onde espreitam em jeito de emboscada
Olho-as e rio
Levanto a cabeça
Sacudo o que já é velho
Abrindo-me em cores de festa
Piscando o olho aos miúdos que correm comigo

E tu amor
Estiveste sempre comigo
Ainda não te conhecia e já cá estavas
Aqui
Onde me deixaste quando nasci.

Se a vida toda
Fosse este momento
Era toda uma vida
De deslumbramento

Infinito fugaz
Verbo Criador
Alfa e Omega
Nos braços do Amor

Nascia e morria
No mesmo instante
Em glória perfeita
De ser teu amante.