Wednesday, June 24, 2009

Pulsar

A noite espessa e antiga escorre sangue virgem
Retorno alucinado nos uivos das bacantes

A lua reina metáfora de si mesma
Explodindo nas sombras e nos olhares de vida abrupta

A fêmea resfolega de insaciedade no centro dos sexos que se mergulham
Fúria acesa de imortalidade, rasgar de carnes e fronteiras

O deus renascido emerge dos corpos diluídos
A dança ferve-se e tolda-se orgásmica e soluçante
Paroxismo tremente dos perdidos

O vórtice enraíza-se no seu útero de seiva renovada
Fecundando a terra aberta e receptiva
Que da morte necessária faz emergir a vida

Na curva que recria o início
As dançarinas despejam-se esgotadas no torpor de sexo sanguíneo
Deixando-se no sono inerte dos vencidos

O silêncio primordial ecoa e dissolve as formas
Corpos universo em sentir de éden amniótico
Só Um em êxtase de si mesmo

Novo cosmos
Novo tempo
Natureza reiniciada

Pulsa o ritmo do retorno
No limiar da luz

Imagina-se a manhã no fresco que ensopa a pele

Regresso
Encontro do outro em si
E de si no outro

Abrem-se os olhares
Chegou o Sol, a palavra, a regra.

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