Wednesday, May 5, 2010

Poesia
É o pão rasgado pelos dentes da fome
O sangue que escorre no matadouro
O uivo arcaico da mulher a parir

Poesia
É a estalada recente na cara do bruto
O punho erguido acima da turba
O fogo que aquece as mão calejadas

Poesia
É o sexo aberto na beira da noite
A febre vermelha que frita os corpos
O copo partido contra a parede

Poesia
É a faca cravada na vida de alguém
O riso tremente na boca do louco
O xaile caído na esquina da rua

Poesia
Não é nada disto nem deixa de ser
E eu que não sei dela
Lamento-me a escrever.