Friday, September 13, 2013

Começou por emergir um sorriso, quando te vi
Entraste em mim, enquanto te lia com o olhar
Lendo-te e sentindo-te
Lendo-me e sentindo-me enquanto te leio…saboreio

O sorriso espraiou-se até ao peito onde acendeu uma braseira quentinha,
Daquelas que afugentam o frio numa manhã de nevoeiro invernoso.

A braseira foi atiçada pelo combustível da possibilidade do desejo...

Um arrepio quente alcançou-me o ventre, enquanto as imagens e as sensações que me viajaste chegavam a mim...

Ouvi-te, senti-te, vi-te, e tudo era claro, vívido, presente ...

Num ecrã interior, onde todas as fantasias são reais, e os desejos alcançáveis... tangíveis... verdade... presença...

... o respirar elevou-se... o sexo elevou-se...

... tornou-se vivo, dono dele mesmo, tentando furar a impassibilidade das calças...
... como um cão que não quer estar preso e luta na sua ferocidade irreprimível para partir a corrente que o humilha...

E o teu cheiro, o teu calor, o teu olhar selvagem, tocaram-me na pele...

… por fora e por dentro...

... debrucei-me na vertigem...

Ouvi risos, que eram os nossos, mas que traziam algo de nós que era novo...

…surpreendentemente novo...

... quis afastar as presenças e os olhares das estátuas semi-vivas, que tentavam penetrar neste terreiro da loucura sagrada ...

.. em que nos despíamos de nós e para nós...

... desnudados de incerteza, glorificados de beleza...

... o nosso refúgio secreto no meio da multidão, é o centro da galáxia...

... é o palácio onde reinam os loucos e as feras...

... Taj Mahal vermelho onde acordam os anjos/demónio que fecundam a terra e põem vida nos mares...

... aqui dançamos...

Neste centro unificado onde o principio está sempre a acontecer...

.. dançamos debaixo das mesas, atrás das portas, no alto dos telhados...

... dançamos no cimo das águas, dentro das flores, no olhar dos pássaros...

... dançamos na beira das muralhas, porque rasgámos as mortalhas.. e as correntes...

E somos diferentes...

Dançamos, só por dançar... mesmo que não dancemos...

Porque a dança já não nos deixa...

Vivemos dentro dela... somos paridos por ela...

Porque a dança é a nossa Mãe....

A nossa Verdade...

E a nossa Verdade é a Vida

2 comments:

Anonymous said...

A tua língua aconteceu
No meio dos astros
Veloz visionário, meu
Imagens unas, rastros

Foi beleza o que surgiu
Naquele instante de memória
O Belo ao Sagrado se uniu
Em puros momentos de glória

Sensação tão intensa e magnética!
Mas..como? Ando pra qui a procurar
Como é que uma mente imagética
Pode percepções zero codificar?

É inspirador ler as tuas experiências :), grato.

Anonymous said...

Sorvedouro de estrelas incandescentes
nidificaste dentro do meu peito
nasceram-me asas
da terra brotam rosas de sangue

Invisível desejo meu
Joia me deste
no Kilimanjaro uivo acordou
mulher dança
Lago nasceu de caules lágrima ao luar

Afluente de ti afluente de mim
dança sacralizou
Em a(mar) me transbordou
Beleza trouceram meus olhos