Monday, December 16, 2013

Toco nestas teclas
Onde escrevo

Não sei o que vou escrever
Mas oiço esta voz por dentro
Que me dita o que escrevo

E o movimento nasce
Cresce até aos dedos
Que batem nas teclas...

E eu sinto o prazer
Deste toque
Que cria sentido
Para quem entender este código

Linhas e curvas pretas
Contra um fundo branco
Tornam-se sons
Dentro da cabeça de quem as ler

Isso evocará pensamentos
Imagens
Sensações
Noutro que não eu

Lá, no outro
Onde estiver a ler
Longe daqui
Onde escrevo

E eu
Imagino quem será que me lê

O que sentirá essa pessoa
Como será ser esse outro
Como será estar nessa pele
Nessa vida

E sinto-me próximo dessa pessoa
Por pensar nela
Por imaginá-la a ler o que escrevo
Enquanto escrevo

Sentindo o toque das teclas
Nos meus dedos
Como se tocasse nessa pessoa
Dentro dela
Porque o que lê ouve por dentro
Com a sua voz

Por isso… estou a tocar-te
A ti
Agora
Por dentro
Neste momento em que lês
Estamos ligados
Enquanto eu escrevo e penso em ti
Enquanto me lês e sentes essa voz dentro de ti
Que te foi dada pelo que eu escrevi daqui

Anulamos distâncias e tempos
Ligamo-nos na dimensão do Ser

Não posso ser tu, nem tu podes ser eu

Mas somos irmãos, ambos filhos da Existência
E encontramo-nos no que nos damos a sentir

Enquanto escrevo
Enquanto me lês.

2 comments:

Anonymous said...

Ler-te ‘e beber carne enliquecida
Comer sol, dormir com a lua
E mimar a substancia da vida
Que est’a nas historias, minha e tua

Ler-te’e sentir o sangue a pulsar
Vibrante de vida e paixao
E sereno deitado no altar
Ser ternura e compaixão

Poderia continuar a ler-te
E leria o que em mim cabe
Mas cabe-me tanto sem ver-te
Que se te visse quem sabe

O que poderia acontecer
Nas noites do sol nascer!:-)



Anonymous said...

Sopro ágil
trás-me o sol
nas luas que lavo
em sussurro
líber dilatado me irriga
deixo para trás o orvalho
percorro o som que me enche
vento quente
extremeço
esvoaçar leve
sem poisar
danço
o voo
da voz que ouvi
a tua