Sunday, October 14, 2012

Dedos pétalas
Riachos de arrepio
Na paisagem suave
Da carne

Inquietação
Do torpor

Ondas quentes
De veludo vermelho
Inundam a enseada
Do desejo

Na margem do suspiro
Desdobra-se
Em quási-movimentos
Um fulgor aquém-memória

Germinação do sentir
Na floresta adormecida
Vale secreto do éden

A noite
Quente
Ronrona sobre os gestos
Manto que embala
O acordar da febre

No casamento da pele
Desvenda-se
O florescer sanguíneo
Que se abre ao beijo da vida

É o convite eterno
E terno
Nascente do grande rio sagrado

Majestade da doçura fervente
Coluna de fogo e mar
Descobre a rota do delírio

Até ao fundo mais fundo
Dos recantos da delícia

O gotejar de universos paraíso
Na gruta encantada do tesouro
Vai desnudando o dique
Que segura as formas

O caudal da fome
Escancara a carne
E transborda o ser
Obliterando as margens do sentir

O grito da Vida explode em infinito

Tremor soluçante dos perdidos
Que se encontraram nas alturas de si

Vertigem incomensurável da queda abrupta
No avassalador terramoto do prazer

Planetas de êxtase que se fundem
No glorioso mistério do início dos tempos

Deslizam Corpos Oceano
Espraiados à sombra da eternidade
Entregues às jóias do carinho

A pele não se destingue
Na beleza dos frutos da carne

E mesmo antes de adormecer
No sopé da grande Deusa-Montanha

Aquilo que toca o olhar
É o rosto do Amor.

2 comments:

Anonymous said...

Emanam dos teus versos um grito de vida ardente
o meu
sereno nos dedos pétala
e entrego o meu corpo oceano a outro mar que desconheço
estranheza de Amar em corpo ausente
o teu


Anonymous said...

UAUUU! Um grande caudal de sentir em cascata revolta de palavras!
Obrigado pela delicia de te ler.
Bjnho Ana