Se este amor não fosse
Por tão frágil, quase intangível
Na infinita rede de causalidades
Necessárias ao ter sido
Bastava um elo não ter acontecido
Um “se” ter sido outro “se”
Um passo ter ido para norte
Quando deveria ter ido para sul
Um olhar não ter sido olhado
Uma escolha, ter sido outra escolha
Para que o amor não fosse
Este amor que é
E que eu sou
Por este amor me ser
Incomensuráveis possibilidades
De não ter sido
Agulha num palheiro cheio de agulhas
Pedra preciosa escondida num Himalaia de pedras
Ínfima probabilidade do encontro de duas almas
Que se vislumbram
Através da cortina de seis biliões de seres
E de histórias de vida
Tanto, tanto… que poderia não ter sido
Por ter sido outra coisa
Por ter sido outra gente, outro olhar, outro possível
E no meio de tanto impossível, de tanto poder não ser
De tanto que quase não foi
Foi, aconteceu, e é, e vive
Este amor
Tão ínfimo, na sua raridade
Tão grande, na sua magestade
Virtualidade sub-atómica de vir a ser
Que se tornou Cosmos de eu me viver
E este tesouro
Que eu me encontrei
Vivo-o inteiro
Por te ter encontrado
E se amanhã já não for
E isso não sei
Será sempre para sempre
Por amar-te agora
Com tudo o que sou
Fui e serei
Por isso este amor que quase não foi
Aconteceu porque teve de ser
Lei da causa e consequência
Porque se este amor
Não tivesse sido
Seria absurda a existência.
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