Tuesday, January 24, 2012

Palavras de pedra
Abruptas como a morte

Sulcos na margem do olhar
Enquanto sombras liquefeitas
Rasgam o espaço entre os dias

Abrir o sangue, abrir
Ao sopro da vertigem concreta
Na fome dos passos de inverno

Escasseia a carne no sentir
E a febre de partir
Entrançado de lágrimas na rota dos vencidos

As pegadas no teu peito
São o rosário da minha descrença
E já nem sonho sonhar em ter esperança

A música fechou-se no teu ventre antigo
E a garra que me marca sempre esteve contigo.

2 comments:

Anonymous said...

Não! como é possivel? Como é possivel que a tua expressão me toque tanto! Bem...a poesia toca sempre quem, sem ela, não consegue viver...
Está acima de tudo o que possa dizer. (aproveito só para informar que tem, penso, uma gafe: Rasgam os espaços...ou: Ragam o espaço...)

Anonymous said...

O silêncio jaz dentro das pedras
caminho na dor que te fustiga
hoje sinto esta dor minha
não nas palavras de pedra
morte de não ter nascido
fruto desejado
perdido
morro com a partida
agonia da prisão do gesto
atravesso-me
vejo a vida a passar
como as árvores
correr rio acima
pedaços de mim
flutuam na noite
acordados
quando o teu olhar me vê
escorrego
funil acima
nasço una
vasilhame
rasgo a vida