Escrevo para dizer
Que só o silêncio
Pode falar
O que é ser
O ser não fala
Ouve-se
Quando nada se ouve
Quando nada se escreve
A palavra é pouca
É um inevitável menos
Do que aquilo que quer dizer
Fica sempre a meio caminho
Para aquilo a que quer dar ser
A palavra quando fala
Deixa sempre por dizer
O todo que o ser está a ser
E que é tudo em si o que tem para ser
A palavra não chega
Diminui o que é completo
Mas o seu ruído de ficar aquém
Torna o silêncio sempre novo
O silêncio nasce (e renasce)
Onde morre a palavra
São condição um do outro
E por isso falo
E por isso escrevo
Para me calar a seguir
E ouvir o que se ouve
Quando nada se ouve
E tudo se é
O silêncio não prende o ser
Ao limite da palavra
O silêncio liberta
E devolve o tudo
Ao que é
Vou já a seguir calar-me
E quem me lê vai deixar de ler-me
Aí, partilhemos o silêncio
Porque é completo, nada lhe falta
A palavra quer ser
O silêncio já é.
Monday, January 15, 2007
Posted by Verbo do Mundo at 5:22 PM
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