Friday, January 12, 2007

Mantenham-se juntos nesse mar
Eu que o riso se atrapalha envolto na fumaça
Sobre a muralha de areia que é o destino
De quem vive só para morrer

A estrela dessa rua onde moram
Saltita pelos carris do eléctrico
Enquanto a chuva se demora a cantar
Nos cabelos de quem se apanha a amar

Em solo de campanha sangrenta
Dos gritos das varinas encarnadas
Vesgos que são poetas
Soletram as sopas de letras que não comem
A riqueza não dá para mais
Pão que se desfaz no sereno
Das áfricas de Lisboa

As janelas enriquecidas
Dos que fizeram fortuna noutras costas
Tremoceiros magricelas
Ás portas das igrejas sem santos
E estendais de roupa preta

Ventania que leva o riso
Repartida por quem pede
O sono da alvorada primeira
Flores nas mãos dos peregrinos
Joelhos a sangrar de martírio

Com as damas nos salões
Vestidos menores que se aprendem
Na certeza das solidões
Junto aos barris da vida
Tudo satisfaz quem olha
E chama quem está perto
Porque viver são coisas pequenas
E nada tem de fazer sentido.

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