Tuesday, January 16, 2007

MAR

Salgado, revolto, poderoso, tenta libertar-se das margens que o prendem, com fúria, quase com desespero, arrastando tudo em que toca para o turbilhão do seu desencanto, por vingança da mesquinhez da terra que o segura, tão imóvel e estúpida.
Não compreende, o mar, a razão de tais barreiras, que lhe travam a maré, e o impedem de estender-se pelos campos, de cobrir os caminhos, de encher os vales, e de correr...
...correr muito, até encontrar aquilo que sonha. Julga existir algures para lá do cais.
Perde, o mar, a luta contra os muros.
Esquece, o mar, que aquilo que procura pode estar para cá da estupidez.
Aprende, mar, a ganhar força nas costas que te oprimem!
Bebe, mar, os rios que correm para ti!
Ouve, mar, o canto das aves que poisam nas tuas aguas!
E sente, mar, sente sempre!
O Mundo é um pingo, tu és o Mar.

No comments: