Tuesday, January 16, 2007

A poesia assusta-me
Dá-me a saber o que já sabia
Sem saber que sabia

Dá-me a ler em local público
Tal prostituta que se despe
Sem nunca chegar a despir-se

Confunde de tanta clareza
Desmente a certeza
Promete o que não dá

A poesia sorri sem se ver
Que ver é sorrir
E sorrir é ver poesia

Mercado da presunção
Vende o poeta o que compra
Em burlas de si mesmo

Dizeres de fuga sobre o mesmo
O mesmo é a fuga que se diz
Fugir é o mesmo que dizer

Abraço de verdades congeladas
Gemido de não saber
Física de amanhecer

A poesia assusta-me
Sabe-me mais que eu a ela
E poesia é isto mesmo.

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