Há poemas que não escrevo
Porque não lhes toco
Ou não me tocam eles
E andam por aí
À espera de serem escritos
Por vezes roçam-me a superfície
E quase os sinto
E quase os escrevo
Mas não se deixam saber
E fico amnésico duma lembrança que nunca tive
Às vezes começo-os e não os acabo
Como se conhecesse um rosto ao longe
Mas que é estranho quando lá chego
E não acontece a conversa
Que era suposto ter acontecido
Outras vezes nem se começam
Mas vêm tão perto de começar
Que fico inquieto e estranho
Mudo, em frente ao papel
Em tensão de acontecer que não acontece
Nestes momentos escrevem-se em mim
Vontade de qualquer coisa
Qualquer coisa na vontade
Que não é
E é por não ser
Escrevo este poema
A todos os poemas que não escrevo
Dando-lhes existência porque os falo
E os sei sem os saber
Por saber que nunca os saberei.
Friday, January 5, 2007
Posted by Verbo do Mundo at 11:52 AM
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